Na piscicultura, poucos momentos são tão aguardados quanto a despesca. Para os produtores, suas famílias e os técnicos de campo, esse é o grande dia — quando projeções se transformam em realidade. Até que o último peixe seja retirado do viveiro, tudo não a de estimativas. Mesmo seguindo rigorosamente as boas práticas de manejo, monitorando a qualidade da água e acompanhando o desempenho dos peixes, a verdade é uma só: nunca se sabe ao certo quantos peixes realmente estão ali. E por quê? Porque não temos controle absoluto sobre quantos alevinos foram povoados, tampouco sabemos quantos foram predados ou morreram ao longo do ciclo. O mistério e a dúvida permanecem até o dia da despesca final. 6y2v3q
À medida que a despesca se aproxima, é hora de fazer contas. Costumo criar cenários — otimista, realista e pessimista — com base no histórico da propriedade. Projetamos perdas de 10%, 20% ou até 30%, por exemplo. Para isso, realizamos uma biometria bem caprichada, capturando peixes de, pelo menos, três pontos do viveiro. Essa amostragem (entre 100 e 200 exemplares) nos permite calcular peso médio final, e assim a biomassa total, fator de conversão alimentar aparente (CAA) e ganho de peso diário (GPD) para cada um dos cenários.
Esses números são estratégicos. O piscicultor precisa deles para decidir desde o número de caixas de transporte e quantidade de gelo, até o tamanho do caminhão e da equipe para a despesca no dia da venda. O comprador, por sua vez, também se apoia nesses dados para planejar a logística e a comercialização.
Quando o último peixe sai do viveiro, aí sim é a hora da verdade. Os dados vão para a planilha e revelam a sobrevivência real do lote, a biomassa por metro quadrado, o CAA, o GPD e — claro — o custo por quilo produzido. Essa leitura crítica e detalhada é a chave para o sucesso da próxima safra: identificar acertos, corrigir falhas e melhorar a performance do sistema produtivo.
Antes de finalizar, compartilho três dicas valiosas para você se aproximar do número real de peixes no viveiro:
A despesca é, sim, a hora da verdade. Mas com planejamento, técnica e um olhar atento aos detalhes desde o início do cultivo, ela também pode ser o começo de uma nova fase — ainda mais produtiva.
Sou a Fernanda, catarinense, oceanógrafa e atuo em campo, diretamente com assistência técnica e extensão rural a pequenos e médios piscicultores no Município de ville. E é de lá, do campo, que prometo buscar inspiração para os temas desta coluna.
Fernanda Queiróz e Silva – Técnica em Aquicultura, UDR- SDE – ville-SC.
Contato: [email protected]
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